
A última onça-pintada em liberdade no Rio Grande do Sul foi avistada ao anoitecer da última quarta-feira, 14, no Parque Estadual do Turvo, no município de Derrubadas, na divisa com a Argentina. O registro foi feito por Carlos Neimar Kuhn, biólogo e guarda-parques da unidade de conservação, que avistou o animal caminhando tranquilamente pela estrada do parque, antes de desaparecer entre as árvores.
Conhecida como Yaboti, apelido que remete à reserva florestal argentina do outro lado do Rio Uruguai, a onça é um macho com cerca de 10 anos, considerado um dos maiores já registrados no Estado.
Trata-se do único exemplar avistado com frequência em território gaúcho nos últimos anos. Anteriormente, havia a presença de até quatro indivíduos na região, mas a suspeita é de que os demais tenham sido vítimas da caça ilegal ou migrado de forma definitiva para as matas mais densas do lado argentino.
Yaboti circula entre o Brasil e a Argentina, utilizando o corredor ecológico que conecta o Parque Estadual do Turvo à Reserva da Biosfera Yaboti e ao Parque Provincial Moconá, que juntos formam uma área com cerca de 17 mil hectares de mata nativa. O Rio Uruguai, que separa os dois países, não é obstáculo para a espécie, conhecida por suas habilidades como nadadora.
A presença contínua da onça-pintada é monitorada por meio de armadilhas fotográficas, que haviam registrado o animal pela última vez em 28 de abril. Considerada um predador de topo e espécie-chave para o equilíbrio ecológico, a onça-pintada é listada como ameaçada de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Projeto de repovoamento visa preservar espécie
Diante da situação crítica da espécie no Estado, o Parque Estadual do Turvo, com apoio do Ibama e da Divisão de Unidades de Conservação (DUC) da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), está desenvolvendo um projeto de repovoamento da onça-pintada.
A proposta prevê a realização de estudos técnicos e genéticos com o objetivo de, futuramente, introduzir uma fêmea na área protegida, promovendo a reprodução e aumentando a probabilidade de formação de uma população residente no Rio Grande do Sul. A Sema destaca que a cooperação com autoridades argentinas é fundamental para o sucesso do plano.
Atualmente, outros exemplares da espécie no Estado estão em cativeiro, o que reforça a importância de ações coordenadas para garantir sua preservação em ambiente natural.
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