Começa nesta quarta-feira, 7, o conclave que escolherá o novo Papa da Igreja Católica, após o falecimento do Papa Francisco há 15 dias. Em entrevista concedida nesta manhã, o bispo da Diocese de Frederico Westphalen, Dom Antônio Carlos Rossi Keller, e o padre Lucas Folego, pároco em Pinhal, explicaram os passos e a importância do processo de eleição do novo pontífice.

Dom Antônio destacou o momento de orfandade vivido pelos católicos: “O Papa é o ponto de unidade da Igreja. Ele governa em nome de Cristo, como sucessor de São Pedro. Sem ele, nos sentimos órfãos”. Segundo ele, o papel do Papa é preservar a fé autêntica da Igreja, sem alterar as verdades deixadas por Jesus, ainda que adapte a linguagem ao tempo presente.

Padre Lucas detalhou o início do processo. A primeira etapa ocorre com uma missa solene na Basílica de São Pedro, às 5h da manhã no horário de Brasília. Em seguida, os cardeais seguem em procissão até a Capela Sistina entoando o hino “Veni Creator”, pedindo luz ao Espírito Santo. Lá, fazem um juramento de sigilo absoluto, sob pena de excomunhão automática, e participam da primeira votação — das duas previstas para o primeiro dia.

Ao todo, 133 cardeais estão aptos a votar. A partir de quinta-feira, ocorrem quatro votações diárias (duas pela manhã e duas à tarde), até que um nome alcance dois terços dos votos — 89 sufrágios. “É muito improvável que já tenhamos fumaça branca amanhã”, observou padre Lucas.

Dom Antônio também explicou que, nos dias anteriores ao conclave, os cardeais participaram das chamadas congregações gerais. Nelas, discutiram desde questões práticas, como a hospedagem na Casa Santa Marta (adaptada por Francisco durante seu pontificado), até os desafios da Igreja no mundo. “Há realidades distintas. Na Europa, temos igrejas envelhecendo e vocações em queda. Já na África, há dioceses com 700 seminaristas”, exemplificou o bispo. 

Ao rebater a ideia de que o Espírito Santo escolhe diretamente o Papa, Dom Antônio foi direto: “Não é Ele quem define o nome. Os cardeais discernem a partir da realidade da Igreja. E aí sim, o Espírito Santo age sobre aquele que for escolhido, capacitando-o com os dons necessários”.

O conclave permanece em segredo absoluto. A imprensa mundial acompanha atentamente os sinais da chaminé da Capela Sistina, aguardando o momento em que a fumaça branca anunciará: Habemus Papam.

Confira a entrevista:

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