Morreu na madrugada desta segunda-feira, 21, aos 88 anos, o papa Francisco, primeiro latino-americano e jesuíta a ocupar o mais alto posto da Igreja Católica. O falecimento do argentino Jorge Mario Bergoglio foi confirmado pelo Vaticano, às 2h35min pelo horário de Brasília (7h35min na Itália), após 12 anos de pontificado.

Com uma trajetória marcada pela simplicidade, firmeza no diálogo e defesa dos pobres, Francisco construiu também uma relação especial com o Brasil, em particular com o Rio Grande do Sul, Estado que o influenciou inclusive na escolha do nome papal.

Influência gaúcha na escolha do nome

Ao ser eleito em março de 2013, Bergoglio revelou que a inspiração para o nome “Francisco” veio do cardeal Cláudio Hummes, gaúcho de Montenegro e bispo emérito de São Paulo. Ao parabenizar o novo papa, Hummes o abraçou e disse: “Não se esqueça dos pobres” — frase que remeteu o pontífice a São Francisco de Assis. O gesto marcou profundamente o início de seu pontificado. Hummes faleceu em 2022.

Presenteado por gaúchos e lembrado em momentos difíceis

Em abril de 2024, o governador Eduardo Leite presenteou o papa com camisas do Grêmio, Inter e Brasil de Pelotas, além de uma escultura das ruínas de São Miguel das Missões, durante uma visita ao Vaticano. Na ocasião, Leite convidou Francisco a visitar o RS em 2026, ano dos 400 anos da chegada das missões jesuíticas.

No ano anterior, em 2023, o papa havia abençoado um fragmento da palma da mão do Cristo Protetor de Encantado, em cerimônia simbólica no Vaticano. A estátua é considerada a mais alta imagem de Cristo do Brasil.

Solidariedade nas enchentes e apreço pelo chimarrão

Em maio de 2024, quando fortes enchentes atingiram o Estado, Francisco demonstrou solidariedade ao povo gaúcho durante a missa dominical, mencionando as vítimas das chuvas. Em outro momento marcante, em 2021, o pontífice brincou ao receber um chimarrão de um seminarista, perguntando com bom humor: “Este é gaúcho?”. Já em 2023, recebeu uma cuia de chimarrão e imagens sacras das mãos do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo.

Legado

O papa Francisco será lembrado não apenas como um reformador da Cúria Romana e defensor das causas sociais, mas também como alguém que, mesmo distante, manteve viva uma conexão profunda com o povo sul-americano — e especialmente com o Rio Grande do Sul.

“O papa mostrou que a força está na humildade, que o verdadeiro poder está no serviço, e que nenhuma transformação é possível sem diálogo e acolhimento”, afirmou o governador Eduardo Leite em nota oficial.